O TARÔ


O Oráculo da Vivencia Humana

Não é de hoje que o homem sempre sentiu inquietação pelo seu futuro, como também pelo dos seus entes mais caros. Quem já não ouviu falar do célebre Oráculo de Delfos, ao qual, o povo, os nobres e os sacerdotes recorriam para resolver suas questões particulares e sociais. A astrologia, bem como o psiquismo, a magia, a mediunidade etc., desempenham papel importante na tarefa de desvendar o que o destino nos reserva para o futuro, a cartomancia e o Tarô, que é a arte de prever a posteridade por intermédio das cartas. O que se sabe, é que a cada consulta ao Tarô, estamos entrando também no mundo do nosso inconsciente, e através das imagens e mensagens das cartas do Tarô, podemos alcançar a colheita abundante de uma nova consciência. O Tarô, não só prevê o nosso destino, como também nos aconselha a melhor forma de lhe dar com ele. Quando realmente se tem a necessidade de procurar um profissional nesta área, deve-se estar preparado para ouvir o que seu Eu Superior tem a lhe dizer através da leitura. Saiba procurar pessoas sérias e de respeito, que não tenham intenção de fins lucrativos exagerados. Muitas vezes podemos encontrar indivíduos se intitulando Tarólogos ou outros cargos religiosos, que acabam denegrindo a imagem do verdadeiro oraculista.
Os Oráculos são realmente a chave que abre as portas do nosso destino. É através do Tarô, Jogo de Búzios e também não posso deixar de citar o Baralho Cigano e as Runas, como nossos conselheiros. Na verdade, é a Inteligência Cósmica falando conosco e dando uma direção dos nossos caminhos. No Tarô, por exemplo: temos a influência dos quatro elementos representada nos quatro naipes e a jornada da vida humana nos Arcanos Maiores.

As cartas do Tarô despertam a atenção dos homens por mais de 500 anos e atualmente sua procura é cada vez mais intensa, portanto, se trata de um Oráculo que estuda profundamente toda a natureza humana, principalmente os 22 Arcanos Maiores que antigamente eram chamados de Triunfos. Quanto a sua origem, existem informações que afirmam o surgimento das cartas nas crenças Célticas pagãs. Não se pode deixar de afirmar, contudo, que seu aparecimento veio também do Egito e das tribos ciganas. Tudo se deu por volta do período mais antigo (século XV) e se propagou na Europa Renascentista no século XVIII, com uma conotação mística e religiosa. Há informações sobre as 22 letras do alfabeto Hebraico, que formam o salmo 119, com 22 estrofes em perfeita associação com os Arcanos Maiores do Tarô.

O filósofo e simbolista profundo Eliphas Levi, encontrou no Tarô uma síntese da ciência e a chave universal da Cabala, pois as dez esferas ou emanações que formam o diagrama cabalístico conhecido como Sephiroth, ou Árvore da Vida, estão interligados por 22 caminhos, cada qual representado por uma das 22 letras do alfabeto hebraico. Levi, portanto, proclamou que as 22 cartas dos Arcanos Maiores poderiam ser corretamente atribuídas a cada uma das letras do alfabeto hebraico, constituindo, assim, uma unidade completa de letras, cartas e caminhos. Há outros mistérios que envolvem as figuras do Tarô nas aquarelas do Livro Perdido de Nostradamus. Encontra-se na aquarela 35 o Arcano X (A Roda Da Fortuna) e na aquarela 46 o Arcano XVI Torre) mostrando claramente nessas pinturas as previsões do futuro.
AQUARELA 35



Neste desenho de Nostradamus, A "Roda da fortuna" aponta alguns símbolos para a chegada de uma Era de grandes mudanças. Ao contrário da carta do Tarô, onde a Roda está entre as nuvens, aqui ela está entre as cidades e construções humanas.
No livro perdido de Nostradamus, esta torre seria mais uma imagem, que está bem relacionada a outra lâmina do Tarô, a qual simboliza que o "Castigo de Deus" sempre se abate sobre a soberba do homem.

AQUARELA 46
A palavra Taro escrito de trás para frente, significa Tora - nome da Bíblia Sagrada dos Judeus. Ao ser considerado também de origem egípcia, temos então o seguinte significado da palavra TAR - caminho e RHO - Rei ou real. Por isso Tarô representa o caminho real ou caminho da vida. Portanto a leitura ou interpretação dos mistérios do Tarô envolve não só a intuição, pois um estudo constante dos símbolos contidos nas cartas e suas combinações. São usados três níveis na adivinhação; as revelações do passado, presente e futuro, o autoconhecimento pela ativação da mente, da espiritualidade e o desenvolvimento cerebral.

Há também uma comparação às quatros estações do ano, as 52 semanas do ano e aos treze meses lunares. Este Oráculo é amplamente associado aos arquétipos da humanidade e cada vez migrado a uma inteligência Cósmica que nos leva ao conhecimento interior. 


As imagens das cartas são símbolos antigos e evocam experiências de vida, pertencentes à condição humana e ao nosso próprio destino. Dos Arcanos Maiores nenhuma das 22 cartas pode ser considerada fácil ou difícil, dependendo do tipo de experiência que estejam retratando no momento. As cartas do Tarô foram inventadas apenas como um jogo para jogar ou para fins educacionais; seu uso para adivinhação começou a se espalhar especialmente sob a forma italiana no final da Idade Média e da Renascença.


A jornada do Louco simboliza o caminho do autoconhecimento e o autodesenvolvimento que está à disposição dos homens. Cada carta dos Arcanos Maiores representa a ampliação da consciência e o processo de evolução da vida humana - uma experiência que dá acesso a uma espécie de portão às fontes interiores do Ser.
Começamos com o Louco, que dá início a uma grande caminhada nas 22 energias básicas do nosso Universo, é o caminho para Deus, para a iluminação.  Tudo o que esse prisioneiro precisa saber já está presente dentro dele. O Louco representa cada um de nós ao começarmos a nossa jornada de vida. Ele é Louco porque só uma alma simples tem a fé inocente para compreender, tal como o poeta, a jornada com todos os seus azares, dificuldades e recompensas.
No começo da viagem o Louco é uma criança inocente, aberto e espontâneo.  O Louco precisa passar por diferentes fases em sua vida, que são projetadas numa tela vazia, simbolizando o nada, (como num zero), mas imbuído do desejo de prosseguir a sua viagem e aprender.
No começo da jornada o Louco encontra imediatamente o Mago e a Sacerdotisa, o arquétipo “masculino” e o “feminino”, o plano material e o espiritual - as duas grandes forças em equilíbrio que fazem o mundo tal como o conhecemos. Tal como tudo o que existe no Universo, tudo tem o seu contrário. Não podemos pensar na noite, sem o conceito oposto, o dia. O Mago (I) é criativo e o princípio ativo, é a nossa tomada de consciência. A Sacerdotisa (II) é o lado passivo, feminino, o “yin”. O Mago e a Sacerdotisa são iguais em valor e importância. Cada um é necessário para haver equilíbrio.
À medida que vai crescendo, o Louco vai ficando cada vez mais alertado para o que o rodeia. Tal como a maior parte dos bebês que primeiro reconhece sua mãe - a mulher carinhosa, afetuosa que o nutre e cuida dele. Conhece também a mãe natureza que o cria, quando encontra a Imperatriz (III) que representa o mundo da Natureza, das sensações, da fertilidade e das delícias da vida. A seguir o Louco encontra o Pai na figura do Imperador (VI). É o representante da estrutura e da autoridade. Tal como o bebê que deixa os braços de sua mãe, ele aprende que há padrões para o seu mundo. A criança tem então uma nova experiência que lhe vem da descoberta da ordem. O Louco também se depara com as regras. Aprende que a sua vontade nem sempre é soberana e que há pessoas com autoridade para imporem regras. Estas restrições podem ser frustrantes, mas através da atitude persistente do Pai, o Louco começa a compreender os seus propósitos.
Agora, o Louco irá sair de casa e começar a sua educação formal e moral, ele descobre a religiosidade e respeito a Deus através do Hierofante (V) ou (Papa). A criança é treinada em todas as práticas da sua sociedade e torna-se parte de uma cultura particular e do mundo.
O Louco confronta-se agora com dois novos desafios. Passa pela forte necessidade de união sexual com outra pessoa. Ele sente-se atraído para as relações amorosas com Os Amantes (VI), mas também precisa decidir sobre as suas próprias crenças, os seus próprios valores. Começa a pôr em causa toda a informação que tem recebido e hesita entre aquilo que foi e o que está para vir.
Mas os desafios continuam a surgir para Louco e podem causar-lhe sofrimento ou desilusão. O Louco desenvolverá a coragem frente às adversidades através do Carro (VII). Agora ele está preparado para viajar para qualquer lugar, neste mundo ou em qualquer outro. O louco já passou por algumas transformações e deixou de se ocupar com os ideais da sociedade e com os modelos exteriores. Somente a Justiça (VIII) continua olhando atentamente e diretamente nos olhos dele. A partir de agora ele sabe que terá que continuar sua jornada com disciplina e consciência da verdade. As exigências da Justiça têm que ser cumpridas, é a Lei universal. Neste momento tem que tomar decisões, mas elas têm que ser analisadas com imparcialidade.
Ocorre então uma constante crise de identidade. Pergunta-se constantemente quem ele é na realidade? O Louco começa a fazer uma introspecção quando se depara com o Eremita (IX) tentando compreender os seus sentimentos e motivações. O mundo sensual tem menos atrações e procura momentos de solidão, há seu tempo, procura um professor ou guia para orientá-lo e aconselha-lo. Ele se retira da agitação mundana e torna-se um Sábio.
Depois de muita introspecção o Louco começa a entender como tudo está interligado. Tem uma visão maravilhosa das suas formas e ciclos complexos. Às vezes as suas experiências parecem ser o trabalho do destino, ele pode iniciar um processo de mudança, através da Roda Da Fortuna (X), determinado pela vontade própria é conduzido para as alturas ou para o abismo. Neste momento, o Louco tem que decidir o que esta visão significa para ele. Olha para trás e assume a responsabilidade pelas suas ações passadas e faz correções e ajustes para o futuro.
Quando se torna adulto, ele descobre seus instintos mais íntimos, ou seja, eu sou o meu corpo. A Força (XI), o Louco já tem uma forte identidade e certo domínio sobre si mesmo. Através da inteligência, sutileza e da força de vontade desenvolveu um controle interior que lhe permite ter êxito sobre o que o rodeia.
O Louco vai aperceber-se que nem tudo na vida são facilidades e, mais cedo ou mais tarde, vai encontrar a sua cruz, quando começa a passar por suas provas, pelo Enforcado (XII). Ele aprende a render-se às suas experiências e não a contrariá-las.
Chegou então a hora do Louco eliminar velhos hábitos, conceitos e preconceitos. É chegado o momento de transformar-se num novo ser através da Morte (XIII). O medo do desconhecido precisa ser superado. Ele corta seus excessos porque aprecia as coisas básicas da vida. Desde a época em que abraçou o Eremita, o Louco tem balançado num pêndulo emocional até perceber o equilíbrio estável da Temperança (XIV), pois ao conhecer os extremos dessa jornada, encontra a moderação e aqui combinará todos os aspectos de si próprio para ter a harmonia. O caminho fica desimpedido.
Embora aparentemente pareça não precisar de mais nada, como é corajoso, o Louco vai ao mais profundo do seu ser e então surge o encontro com o Diabo (XV), que não é mais que o nó da ignorância, medo e a atração pelo material. O Louco entende que do Diabo só conseguirá libertação através da destruição pela Torre (XVI) e da mudança brusca, isto pode ser uma experiência dolorosa, mas que vale a pena ser vivida, pois ao conseguir ultrapassá-la surge a sensação de calma e serenidade, que traz o brilho e a esperança representada pela Estrela (XVII) em que o Louco tem o seu coração aberto e o seu amor flui livremente.
Mas, esta calma perfeita pode ser alterada pela Lua (XVIII) que traz as ilusões, a fantasia e a imaginação.  Tudo parece estar oculto, e estas experiências podem fazer com que o Louco se sinta perdido e desorientado. Mas uma mudança se torna real para ele, quando a lucidez é provocada pela luz e claridade do Sol (XIX) que vai conseguir direcionar a imaginação do Louco que começa a sentir uma felicidade sem fim, capaz de realizar a sua grandeza.
O Louco renasceu e deverá fazer o Julgamento (XX) mais profundo de sua vida, deve descobrir do porque anda neste mundo e receber aquilo que merece, nesta vida. Sua própria consciência é que determina as ações e suas consequências.
Então o Louco entrará novamente no Mundo (XXI), mas, desta vez com uma compreensão muito mais integral, vivendo a sua vida com sentido, completando os seus projetos. É a liberação de todas as forças vitais – a dança. O fim da jornada do nosso Herói, ele descobriu seu lugar no Mundo. Mas o Louco nunca para de crescer e brevemente partirá para outra jornada a níveis mais elevados de compreensão e de consciência.